RADIOATIVIDADE: UTENSÍLIOS DE MADAME CURIE!

O apontamento da figura abaixo, me foi enviado por um colega professor (que não é da área de física e/ou química) e que provocou em mim uma reflexão. Não sobre o envio em si, mas sobre o assunto, o tema. E como este pode ser visto por quem tem “contato limitado” com as áreas de conhecimento supracitadas.

Como assim? Você pode me perguntar.

Explico.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-59306398, acessado em 07/12/2021

 Leitores fora da área de conhecimento da ciência da natureza (neste caso a física e a química) podem pensar assim: “1.500 anos para que se possa abrir/mostrar um caderno”! Por que tanto tempo?

Pelo menos é o que imagino!

E esta é uma simples interrogação, mas que bastante válida e passível de resposta/explicação.

Porém a resposta – talvez – não seja tão simples devido ao assunto envolvido nela. Mas, fácil de ser compreendida, isso se procurarmos fazer a abordagem de forma que se aproxime o máximo possível de uma linguagem onde pessoas que não pertencem a estas áreas, possam entender.

Então vamos lá. Tentemos!

Porém é válido atentar (aqui) para alguns vieses quanto ao discurso e abordagem posteriores, principalmente aos “olhos” do leitor “entendedor” do assunto.

Esta é uma linguagem de deve chegar o mais próximo possível daquilo que os ouvintes/leitores entendem, por meio das palavras (algumas que são conhecidas do cotidiano de forma diferente do que sabemos na física, por exemplo) usadas neste texto. Isso para os(as) mesmos(as) possam a compreender o básico sobre o assunto abordado pela manchete acima e ter seus questionamentos respondidos. E para isso, ocorra, algumas vezes nos absteremos de “conceitos” que envolvem os termos físicos relacionado a certas palavras presentes aqui, considerando apenas o significado da mesma como são (geralmente) conhecidas no meio popular. Já que o foco é trabalhar o assunto para leigos (usaremos, este termo para nos referirmos – neste caso – a pessoas de fora das áreas de à física e/ou química). Desta forma as palavras que possuem conceitos físicos/químicos, implícitas e/ou explícitas, estarão entre [colchetes].

Pois bem. Tudo certo, então vamos a resposta!

Por que tanto tempo (1.500 anos)?

“É um tempo estimado (aproximadamente), o necessário para que ocorra o [decaimento radioativo] do material com o qual Madame Curie trabalhava em seu laboratório. Que eram, principalmente, Polônio (Po) e o Rádio (Ra)”. Geralmente extraído de resíduos de Urânio (U). Este tempo é denominado, na física, de [meia-vida].

Pronto. Esta é a resposta que satisfaz a curiosidade?

Teoricamente, para leigos, não!

Esta é uma questão que devemos pensar sobre o que acabamos de responder e para quem estamos respondendo. Pois, a resposta acima, além de não responder o motivo dos 1,5 mil anos, de forma clara e de fácil entendimento, ainda geram outras perguntas (implícitas e explicitas). Tudo mediante a termos utilizados na colocação acima.

Mas, como assim? Você pode indagar

E qual(is) seria(m) esta(s) pergunta(s) a serem feitas?

Como vou saber quais são, já que pode ser qualquer pessoa em qualquer lugar?

Surge então, o desafio do professor (neste caso o emissor da mensagem, o “cara” que está respondendo) em ter que “desenrolar” toda linguagem “técnica-científica” envolvida na resposta apresentada, para algo mais popular – de fácil compreensão – para qualquer ouvinte/leitor. Tarefa que pode não ser simples. No entanto, ele(a) como “conhecedor” do assunto, sabe a complexidade que o mesmo possui. Logo, deve ser capaz de “teorizar” por onde, e como, deixar a linguagem mais acessível ao leigo, para elaborar seu discurso.

E como posso fazer isso? Você, mais uma vez, pode indagar.

Então!

Ao planejar o discurso, vislumbrar a abordagem o ideal é que se (procure) estimar qual seria a pergunta feita pelo(a) interlocutor(a), neste caso o receptor da mensagem, sobre resposta acima. Desta forma você já teria uma resposta pronta. Porém, para que uma aprendizagem, ele deve participar, interagir com o orador. Caso não o faça, pergunte a ele(a) se entendeu.

Provavelmente ele(a) irá dá uma “resposta corporal” (um balançar de cabaça, movimento com ombros, etc.) possivelmente demonstrando um negativo.

No entanto, poderíamos estimar que ele(a) deve estar se perguntando: “Mas, o que é decaimento radioativo?” (esta seria minha pergunta estimada para esta situação). Cuja a resposta mais direta seria que, é um fenômeno que ocorre quando o [núcleo do átomo] ([isótopo]) é rompido devido a uma [instabilidade atômica].

Neste ponto – ao contrário da anterior que foi mais fácil de estima uma pergunta chave – surgem algumas considerações a serem feita para nortear o rumo do discurso e abordagem a ser desenvolvida pelo professor.

A primeira consideração é a de que se o receptor sabe o que é um [átomo][1] ou mesmo como se configura (em sua “mente”) o mesmo. Caso não, deverá ser configurado o que é, ou como – popularmente – é conhecido (desenho) um átomo e sua composição.

 

Fonte imagem: https://www.seekpng.com/ima/u2e6r5t4t4i1i1i1/, acessado em 18/12/2021.

Outra questão é se o termo [isótopo][2] for utilizado na resposta tornará esta, um pouco, mais complexa para leigos(as). Porém, sugere – se que o faça de alguma forma, pois, irá encurtar a abordagem que envolve a [diferença entre o número de prótons e nêutrons]. De qualquer maneira, sabendo que o uso do termo irá aumentar sua abordagem ao assunto e necessitará de mais esforço para trabalhar a linguagem adequada.

E como poderia ser feito isto? Você – de novo – indagando.

O ideal (a priori) é que o professor foque o início de seu discurso apenas em um termo, por exemplo, [instabilidade atômica], pois, a partir deste podemos ser capazes de organizar a ideia (codificada) e decodificá-la para assim, transmitir a mensagem de forma adequada para o educando. Pois, neste momento ela é a pergunta que esperávamos, e que vai desencadear a resposta sobre a pergunta anterior (decaimento atômico).

Logo, a pergunta “o que é [instabilidade atômica]?”.

Aqui, abrimos um adendo sobre a participação do ouvinte no desenvolvimento da abordagem. E para isso é válido colocar que para se entender melhor o que vem pela frente, quanto a este termo, é interessante saber o que (por exemplo) é entendido – por parte do educando – o que significa para ele a palavra “estabilidade”. Para então o orador prosseguir (nortear) sua “fala”.

Então valos lá!

A instabilidade atômica ocorre quando os prótons – que são positivos – começam a [reagirem] entre si provocando forças de repulsão. Pois, cargas de mesmo sinal tendem a se repelirem. (Ver também carga  elétrica e Lei de Coulomb)


Fonte imagem: Própria

 Desta forma, os prótons vão se repelindo e se agitando no núcleo do átomo. Assim, o “grau de agitação”, vai provocando ao longo de um período o “desprendimento” destes prótons do núcleo e sendo lançados para fora dele em forma, de [energia] [3], onde podem se prender a outros átomos. Sendo que esta energia na [Relatividade], de Einstein, dependente da massa (E=m.c²) da substância estudada. Isso quer dizer que quanto maior a massa maior a energia. Em nosso caso estamos usando como exemplo, o Polônio [massa atômica=209u] e o Rádio [massa atômica 226u].

Então, assim das substâncias que ela trabalhava o Rádio possui mais energia para eliminar? Pergunta o interlocutor.

Sim!

E as partículas, os átomos, destes elementos estão ativos no caderno de anotações da madame Curie. E “expelindo” [energia], que por sua vez emitem [raios gama] no ambiente a seu redor. E este tipo de raios são prejudiciais ao tipo de matéria que compõe o corpo humano, pois ele as atravessa como um raio x de hospital.

A esta altura da conversa – teoricamente – a informação deve já ter sido assimilada pelo ouvinte/leitor quanto ao tempo de 1.500 anos. Porém, surge aqui outro termo que pode gerar outra(s) interrogação(ões), [raios gamas]. No entanto, isso é assunto para outra vez, se vocês quiserem mais.

Até a próxima!



[1] É a menor parcela de um elemento qualquer. Ou seja, o máximo que podemos dividir de qualquer coisa [matéria].

[2] Aqueles que possui mesmo número de prótons e número de nêutrons diferentes

[3] Energia é a capacidade de produzir “trabalho”, que movimenta e/ou transforma uma matéria.

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